É nos bastidores que tudo se revela. Hoje as fotos não são bonitas, o assunto é sério e para ser pensado.
Recebemos sempre comentários que elogiam os trabalhos, as fotos e parece que tudo por aqui surge perfeito num passe de mágica.
A combinação das cores dá certo, a medida do tecido é exata, o material está sempre disponível e o mundo gira redondinho, certo?
Em parte sim, o mundo gira redondinho, mas o dia a dia de um Atelier as vezes é bem tortuoso. Engana-se quem pensa que trabalhos artesanais bonitos são feitos a base de pó mágico de Pirlimpimpim. Todas as peças em algum momento foram idéias, planos ou projetos, na mente ou rabiscados em um papel. Transformar tudo em peça costurada, passada e pronta, nem sempre é fácil como tínhamos em mente.
A foto acima mostra isso. Cortamos tiras longas de tecido, costuramos do avesso, desviramos, passamos a ferro, cortamos em tiras menores, costuramos como alças nas peças, desviramos, passamos de novo e achamos que estava bom. Depois desmanchamos tudo!
Loucura!? Não.
Então, por quê? Porque não ficou como imaginamos, porque podíamos fazer melhor e mais bonito. Mas não estava pronto? Sim estava.
E está novamente, depois de passarmos toda a tarde trabalhando em cima das mesmas peças da manhã. Agora o trabalho está pronto, está bonito, está fofo, 'redondinho' para a foto que vocês irão ver em breve aqui pelo blog.
E isso não se chama mágica. Chama-se trabalho.
Artesanato dá trabalho! Artesanato é único, é manual, é exclusivo, são peças limitadas, feitas com dedicação e empenho.
É isto que torna o artesanato bonito!
Então agora tudo está perfeito? Não.
Porque as idéias mudam, os aprendizados surgem, os materiais se transformam.
Então não fica pronto nunca? Sim, fica pronto e fica bonito.
Mas queremos lembrá-los, que até chegarmos na fase do trabalho pronto, o alfinete quebra e espeta a mão. A costura pega na pontinha da etiqueta e ela precisa ser refeita. Faltam 10cm na metragem do tecido, a cor rosa não será suficiente, a tonalidade azul bebê acabou, e o verde pastel está sobrando... o tecido de letrinha não tem mais nem na loja americana. A miçanga dourada não é suficiente, e a vermelha tem o furo pequeno demais por onde o cordão acetinado não passa...
Por maior que seja o cuidado com estoque e materiais disponíveis esta é uma rotina diária dentro de um Atelier cheio de atividade. Portanto, lembre-se disso quando estiver diante de um trabalho artesanal.
Critique se não estiver bonito, se o acabamento deixar a desejar, mas elogie, elogie muito quando ele estiver 'bonitinho'. Você não precisa comprar, mas o elogio é gratuito e faz bem, para quem dá e para quem trabalhou duro.
Não tenha medo de opinar, de sugerir alterações, dê 'pitaco' a vontade! E, se optar por comprar, reconheça a exclusividade da peça, os pontinhos feitos a mão, o tempo dedicado ao bordado. O acabamento do viés, da miçanga, a costura retinha, o trabalho bem passado, o pesponto, o conjunto, até a foto que você viu pelos bastidores e tenha a certeza de que não foi mágica.
Foi trabalho, feito com responsabilidade e muito amor, mas só amor não paga contas. Portanto sem 'mimimi', trabalho é trabalho, cada um com o seu e todos devem ser valorizados e bem remunerados. Artesanato têm preço e um 'valor' embutido nele.
E não, nós não exploramos ninguém, buscamos sempre o preço justo e somos abertos as negociações e ao 'descontinho' camarada, mas caridade nós fazemos sem anunciar. =D