Olá Fofuxos e Fofolétis, tem tanta poeira acumulada neste blog que quase engasguei ao abrir a página. Cof, cof, brincadeiras a parte, senti saudade.
Sim, eu sei que no último post falei sobre (re)começar, sobre a vontade de escrever com mais assiduidade por aqui e contar os bastidores do Atelier Caseiro, da rotina de costura, fotinhos com os cafés que regam os meus bordados, minhas unhas pintadas segurando o bastidor, as bobagens que passam pelo meu pensamento, as costuras que dão errado e outras tantas que dão certo.
No fim, morri na intenção e não escrevi com regularidade. Aliás, depois daquele texto, não escrevi mais nada aqui. A instantaneidade de outras redes sociais, por vezes torna a notícia mais ágil mas, eu realmente gosto de conversar com os admiradores do meu trabalho e escrever no blog ainda é um bom meio para isso.
Muita coisa acontece nas 24 horas do dia desta casinha e ainda mais na minha vida!
É tudo junto e misturado.
Meu coração pulsa igual planilha de produção, minhas ideias aceleram como máquina industrial e por vezes minhas ações embolam no meio de campo como nos dias em que a agulha quebra, a linha arrebenta, a máquina de costura dá o último suspiro no limite do prazo de entrega e eu viro abóbora.
Pois então, falhei na tentativa anterior de retomar a escrita aqui no blog. Quem nunca? Eu, de vez em quando falho.
Não, não gosto de admitir, nem me vanglorio por isso, aos teus olhos podes ter a impressão de que aqui tudo é perfeito, que habito a bolha encantada do mundo craft, aquele mundinho colorido, fofo e cheirosinho que beira a perfeição, com glitter brilhando por todo lado e pó de pirlimpimpim sanando todos os perrengues. Nãnãninanão...
Minha casa, tua casa! É mundo real, é vida como ela é.
Tem perrengue.
Problema, boletos, compromissos, prazos...
Tem cansaço, tem desgosto(felizmente bem poucos), tem dias com preguiça de prestar contas do que acontece nesta casinha. E ok, hoje entendo que não preciso prestar contas de nada, nem a ninguém, que tudo bem não falar do que estou produzindo, a vida seguirá e lindamente mesmo sem fotografias.
Nem todo assunto preciso partilhar ou emitir minha humilde opinião e mesmo assim, os assuntos vão mudar e se renovar como acontece diariamente nas páginas dos jornais. Por vezes, o silêncio também é sábio.
Mas, resolvi escrever de novo e farei isso todas as vezes que achar válido.
Sou persistente(as vezes teimosa), mas enquanto houver seguidor pedindo para que eu escreva aqui, eu publicarei meus textos no ritmo que o pandeiro ditar. 'Bóra aproveitar estes dias de carnaval e por o bloco na rua, afinal de contas, março está batendo na porta. Então, vem comigo porque hoje é dia de textão.
Te prepara, puxa a cadeira, pega um café ou uma gelada, te acomoda, dá uma batucada na mesa, faz aí teu melhor ziriguidum que não eu tenho samba no pé, mas meu samba tem enredo.
A pergunta que não quer calar: Está tudo bem com o Atelier Caseiro?
Sim, tudo ótimo e assim seguirá.
Tecidos lindos, as tesouras afiadas, o ar condicionado no modo iglu garantindo conforto nestes dias tórridos de verão. Produção acelerada, um cronograma com aulinhas temáticas sendo planejado com todo carinho, bazar em abril marcado.
Estoque crescendo...
É bem verdade que segurei um pouco o ritmo maluco e até inconsequente que estabeleci para a produção, por muito tempo aguentei a vida workholic, mas estava insano e faltavam muitas horas no meu dia. 24 horas já não era suficiente e ficou difícil aguentar, comecei a me sacrificar, o desgaste bateu e eu estava um bagaço, trabalhando sem curtir, dormindo muito mal, acima do peso, barangando e malhando aos trancos e barrancos porque sempre estava cansada e fazendo quase nada além de trabalhar. E diante disso, vem a pergunta secundária...
Ana Paula tudo bem contigo?
Sim, hoje sim!
Na última vez que escrevi aqui, comentei que o checkup médico 2016 estava ok mas precisaria monitorar as 'pedrinhas' que moravam na minha vesícula. Escrevi no final de abril, duas semanas depois internei com urgência no hospital para retirar a tal da vesícula que doía loucamente. Uma dor absurda e sem precedentes de me fazer gritar: Para o mundo que eu quero descer! Para, a-go-ra!
Entrei no hospital as 6 horas da manhã e uma hora depois já estava apagada no bloco cirúrgico. Presentão de aniversário foi ter alta, pontos, curativos, uma cicatriz nova, dias de descanso forçado e restrição alimentar temporária. Tacinha cheia e docinhos, nem pensar.
Fui obrigada a descansar o corpo mas a cabeça fervilhou com planos, ideias, projetos, decisões e alguns medos. Passou o pós operatório, nunca mais tive dor nenhuma e o checkup 2017 está ok. :D
Mas, se a recuperação foi assim, tão rápida, por que tanto tempo em silêncio?
Não teve segundo semestre no ano passado? Costuras? Fotinhos?
O que mudou?
Na casinha, nada.
Teve muita correria no segundo semestre. Teve reforma. Teve bazar. Teve Culinária com Amor e os bolinhos Noite Feliz... Teve tudo e foi lindo!
O trabalho seguiu bem acelerado, só não teve relato por aqui.
Mas, houve mudança, eu mudei.
Eu, Ana Paula mudei bastante neste último ano. Mudei pensamentos, mudei aparência, mudei crenças... Acreditei em coisas novas e desacreditei de umas velharias.
Mudei bastante e estou feliz com as mudanças que venho adotando.
Mudar por necessidade, as vezes é difícil. Mudar por algo que foge do próprio controle, desestabiliza(e muito).
O fato é que mudanças nunca me assustaram, ainda mais quando são opção. Por opção, quase sempre é bom mudar, são alterações desejadas e bem vindas. Experimentei algumas mudanças significativas ao longo dos anos e várias mudanças bestinhas...
Já mudei de cidade...
Já mudei de um emprego formal, para ser proprietária de um atelier.
Mudei porque perdi pessoas importantes na minha vida.
Mudei porque dar cabeçada na parede não me levou a lugar nenhum...
Mudei porque cada mudança é uma nova chance de melhorar, de se reinventar, de aprender que diferente, pode ser melhor.
Já mudei a opinião sobre tecido favorito, sobre prioridade, sobre coisas que aprendi...
Já fui loira, fui morena. Já tive cabelo longo e mais curto.
Já tive a cor do pecado no verão e a brancura neve no inverno.
Já tive dentes com aparelho e há algum tempo sem. Sem aparelho né gente, mas com os dentes alinhados na boca.
Já tive telefone com fio e hoje tenho celular que faz muito mais do que uma ligação...
São tantas coisas que mudei, que eu poderia fazer de cada mudança uma ala de escola de samba.
Vou poupá-los, mas como hoje o post é 'tudão', é para colocar o papo em dia e abrir o coração, acho relevante compartilhar a maior mudança deste último ano, que me deixa orgulhosa, que me desafia, que me faz correr atrás de metas, que me exige superação, consciência e um pouco de tempo:
Cuidar de mim!
Então é isso, tenho sido mais importante do que todo resto.
Tenho me colocado a frente do meu trabalho, tenho me encarado de frente e tenho tentado melhorar a cada dia.
Tenho realizado meus desejos, tenho experimentado outros caminhos e percorrido algumas trilhas.
Tenho superado obstáculos e toda vez, descubro que superá-los é sempre mais fácil do que eu imaginava.
Tenho (re)descoberto uma Ana além da profissão.
Uma Ana mais capaz de conciliar atividades.
Uma Ana com deficiência de vitamina D e querendo mais sol. Mais luz, mais vento na cara.
Uma Ana com trilha sonora mais eclética.
Uma Ana disposta a desfilar por aí, sem samba no pé, mas alto astral.
Uma Ana Paula mais Ana e menos Atelier Caseiro e tem sido bom me descobrir assim.
Amo o que eu faço! e seguirei nutrindo esse amor, porque isso me realiza!
Quando escolhi a Psicologia para ser minha profissão, quis cuidar das pessoas, do mundo.
Quando abri o Atelier Caseiro quis criar um mundo mais 'fofolengo'.
Quando agrego ou reclamo com minha família quero melhorar a relação e aumentar o amor.
Quando ofereço meu ombro, quero acolher e confortar um amigo...
Quando brinco com meus cachorros, quero amor incondicional.
Quando ensino algo para a Fofoléti, quero deixar uma pessoinha melhor para este mundão.
Quando marco aulinhas, quero partilhar meu conhecimento.
Quando passo o número no whatsapp, quero ser a primeira a saber das fofocas! ;) Amigaaaaaa, preciso te contar... Adoro!!!
Quando chamo para um café, quero que seja agora, quente e forte. Não gosto do morno.
Nem gosto de ficar em cima do muro.
Gosto de abraço apertado, de palavra que faz pensar, de pimenta e água com gás. Gosto de emoção, de montanha russa, de sol quente, frio intenso e temporais. Gosto de quase tudo e quase todos.
E gosto ainda mais de terminar um post, já pensando no assunto do próximo, porque samba enredo é isso: uma história para ser partilhada, alguma coesão, um ir e vir de vivências mas, importante mesmo, é fazer mais, fazer melhor e seguir no grupo especial, de mãos dadas com vocês, que sempre me levam mais longe.